Nesse livro A palavra não dita, o autor nos conta a história de Cibele, uma jovem criada pelos avós e pela tia. Sua mãe, como "uma ave sem ninho", sempre em andanças pelo mundo, estava mais preocupada consigo mesma do que com a filha. Além disso, Cibele não sabia quem era seu pai. Apenas quando estava prestes a morrer, sua mãe lhe dera uma pista, que a menina perseguiu sofregamente. O desenrolar da história coloca Cibele diante do significado emotivo da palavra pai, carregada de sentido amoroso, que embala seu sonho de ser reconhecida como filha, mas, sobretudo, de ser amada como tal. Nas entrelinhas do texto, porém, permeia a palavra "mãe", cujo silêncio marcara a vida de Cibele desde a infância, "era uma desconhecida, com uma vida à parte": Quantas vezes teria sonhado com a "mãe companheira" e não com a "mãe distante" ou a "mãe que abandona"? Além disso, foi sua mãe que, desde o início, lhe negou a palavra "pai", ocultando dela e de todos da família a identidade do seu companheiro. A história de Cibele nos coloca diante do significado das palavras que, além de informar e possibilitar a comunicação, nos permitem conhecer o mundo e a nós mesmos. Mas, por serem simbólicas, as palavras não são neutras, ao contrário, estão carregadas de sentido emotivo. Impregnadas por nossa sensibilidade, elas nos colocam diante das coisas e das pessoas como seres humanos que somos: pessoas desejantes e que, portanto, têm alegrias e sofrimentos.
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